Na quarta-feira, 20 de setembro, “Isto é um Negro?” do grupo Chai-Na se apresentou pela segunda e última vez no Teatro João Ceschiatti, estabelecendo um papo reto com a plateia e levantando questionamentos que evidenciaram os antagonismos da sociedade contemporânea e seus processos de invisibilização dos corpos negros.
“A Santa do Capital”, da belorizontina Coccix Companhia Teatral, lotou o Arquivo Público Mineiro em sua primeira noite. O espetáculo, com forte viés político, abordou os mascaramentos e totens humanos, metamorfoseados, transfigurados, nos elementos da carne, da fome, da fé e do Capital. A apresentação começou na rua e conduziu progressivamente o público para dentro do espaço. Amanhã acontece a segunda apresentação, também às 19h, no mesmo local.
Em única apresentação no Teatro de Bolso Sesiminas, “Merci Beaucoup, Blanco!” de Musa Michelle Mattiuzzi impactou o público presente com sua estratégia poética de elaboração das lutas políticas negras na vida cotidiana de comunidades racializadas. Ao final da apresentação, os espectadores, atravessados pela obra, saíram em total silêncio.
Os chilenos da Compañia Bonobo apresentaram, também nesta quarta, a primeira sessão da provocativa “Donde Viven los Bárbaros”. A peça, com diálogos densos, por vezes hilários, e muitos questionamentos relacionados à intolerância, aborda a tendência humana de estabelecer o outro como inimigo. Com belos jogos de luz e sombra, o espetáculo arrancou boas risadas do público e foi seguido de bate-papo com os integrantes do grupo. “Donde Viven los Bárbaros” entra em cena novamente hoje, às 21h, no Cine Theatro Brasil Vallourec.
O segundo dia da performance “Chorar os Filhos”, de Nina Caetano, mais uma vez intrigou e chamou a atenção de quem passava pelas imediações da Praça Rui Barbosa, no centro de Belo Horizonte. Na próxima sexta-feira, dia 20 de setembro, Nina participa da roda de conversa “Poéticas do Luto”, que acontece às 15h na entrada do Centro de Referência da Juventude – CRJ. O evento propõe um debate público e aberto para todas as pessoas interessadas em discutir arte e política, buscando pensar seus imbricamentos, mas também seus desafios, alcances e diálogos possíveis. Na oportunidade, Nina discutirá questões como artivismo, políticas e poéticas da cena contemporânea, performances cidadãs e os desdobramentos atuais do feminismo.
A oficina “Teatro Preto, Dialética Crioula”, com José Fernando Peixoto de Azevedo, chegou ao final depois de seu terceiro dia, que teve experimentação prática com trechos selecionados e apropriados dos materiais trabalhados e discutidos na primeira parte do curso.
A performer ruandesa Dorothée Munyaneza, que apresenta “Unwanted” no Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube às 21h da sexta e do sábado (21 e 22 de setembro), concluiu “Riverbed – Leito do Rio” (foto), uma oficina que investigou a voz que conta, que testemunha, que canta, que ri, e os corpos que se movem de maneira inesperada no espaço, criando camadas de outros espaços. O excelente entrosamento dos participantes com Munyaneza foi assunto de muitas conversas que ocorreram após a oficina.
No Teatro Francisco Nunes, Ricardo Aleixo apresentou a performance “Pesado Demais para a Ventania”, que foi seguida da conversa “Berro: o corpo como micropolítica ruidosa”. A atividade terminou com uma grande roda do lado de fora do teatro, onde a partir da noite de hoje o Ponto de Encontro FIT reabre as suas portas. Nesta “Quinta Queer”, as atrações são a boa música do DJ Papito e da Banda Viada, e a performance “Fálica”, com Ana Luiza Santos.
Já no Espaço Sobre Vivências, a roda de conversa “Artes, performances e tradições negras” conta com a participação de Mauricio Tizumba, que estará lançando e autografando seu livro “De Camarões Veredas”.
Foto: Alexandre Guzanshe.
Comentarios